Voltar pra quê?
Desabafo de um afastado
Há algum tempo eu era freqüentador de igreja evangélica. Algo bem normal como ir todos os domingos a igreja, orar na hora certa, cantar enquanto a banda da igreja tocava, carregar a bíblia em baixo do braço... Eram bons tempos. Eu sentia um prazer em estar lá. Lembro que quando chagávamos na igreja eu me sentia diferente, me sentia feliz, enquanto os músicos cantavam e tocavam musicas em adoração a Deus, sentia uma presença diferente como se eu soubesse que Deus sabia que eu estava lá. Poder ouvi-lo, ver manifesto seu amor por mim, me fazia muito bem. Uma sensação de estar completo. A verdade parecia tão clara na minha frente, tudo fazia sentido. Deus me amava e Ele me falava isso. Seu poder era tão grande que penetrava por dentro de mim como sangue que percorre todo o corpo por dentro de nossas veias. Tudo isso, naquela época, era natural. Uns diziam que era o Espírito Santo que habitava em mim, outros, hoje em dia, dizem que não passava de comoção provocada pelas musicas, devaneios ou ainda de problemas de uma cabeça esquizofrênica. Onde já se viu ouvir vozes de pessoas que você nunca viu na sua vida? Não sei ao certo o que era, o fato é que todo peso da minha vida não era levado por mim. Apesar de todos os problemas cotidianos, eu sabia que quem cuidava de tudo não era eu! Contudo existiam lá, aqueles que apontavam o dedo, sempre me mostrando que eu não era merecedor de tudo que me era dado. Como ser melhor, se me mostravam que tudo o que eu fazia pra Deus era tão pequeno e tolo. Mas quem eram eles pra julgar? Diziam-se tão santos, perfeitos, semideuses que estavam sempre um passo a minha frente, mas na verdade eram tão pecadores quanto eu. Hipócritas! Talvez eles não cometessem os mesmos pecados, mas para Deus não existe um pecado grande ou pequeno, todos nos afastam dEle. Mesmo assim eles criticavam e aquilo me irava. Minha carne se rasgava dentro de mim. Enquanto eu questionava todos os seus atos, toda a hipocrisia, toda a mentira, via que Deus não se agradava da minha atitude, eu via que pecava também, julgava. E o pecado como eu já falei, afasta-nos de Deus! Cada vez mais eu ia dando um passo pra traz, ia me afastando e quando me dei conta já não O via mais, Ele estava muito longe de mim e voltar seria tão cansativo devido a distancia que eu me encontrava, que o melhor a fazer foi desistir de vez de tudo aquilo. Ou pelo menos era o que eu pensava.
No mundo descobri amigos que não me julgam, que não questionam meus atos, sempre me dando conselhos do tipo “divirta-se, você só nasce uma vez” ou “aproveite todos os momentos, descubra-se” ou ainda “não se deixe influenciar, faça o que tiver vontade”, acho que acabei me deixando influenciar por eles e não fiz o que eu realmente queria. Penso que todos esses conselhos não foram pela preocupação que eles tinham por mim, talvez não estivessem nem ai pra todos os meus problemas, apenas pensado nos seus próprios, tão preocupados com suas vidas cheias de obstáculos quanto eu. Na verdade dei ouvidos a todos, mas deixei de ouvir a única pessoa que realmente se preocupava comigo, Jesus.
No mundo, eu comecei a me acostumar com as novas sensações e experiências, mesmo que o peso nos meus ombros fosse cada vez mais penoso, não poderia dar o braço a torcer e simplesmente voltar e pedir ajuda. Voltar pra quê? Como suportar os olhares de desprezo sobre mim, as risadas e os comentários de mau gosto, ou pior, como agüentar a pena e a dó de todos, como se eu fosse um passarinho que caiu do ninho. Talvez seja assim que eu me sinta.
O fato é que eu acabei me acostumando com essa nova vida. Deixei-me levar pelo mundo. Normalmente não penso muito nisso, mas às vezes procuro um sentido pra mim e não é fácil de encontrá-lo. Às vezes penso como era tão simples a vida antes, penso nas verdades que faziam sentido e já não fazem mais. Eu sabia de onde eu tinha vindo e para onde eu ia, hoje, já não sei.
Acho que nunca amei a Jesus verdadeiramente, nunca O tive como meu salvador, pois como poderia fugir de alguém que descendo à terra se deixou sofrer por mim? Como desistir de alguém que deixou que toda dor e sofrimento tomassem conta de seu semblante enquanto era massacrado, sangrando até a morte, para me ver salvo e bem, para que eu pudesse aproveitar um futuro perfeito e sem dor? Tamanho ato de amor merece no mínimo gratidão.
Talvez eu pense que no ultimo minuto vou conseguir voltar e pedir perdão, eu sei que a qualquer hora o Senhor me perdoará, mas talvez no último minuto não dê tempo.
Até quando conseguirei simplesmente fingir que nada aconteceu? Que tudo o que sinti nos braços do Pai não foi bem verdade? Até quando?
ResponderExcluirAté quando o meu orgulho me impedirá de voltar atrás e pedir perdão ao Senhor? Afinal, "voltar pra quê"? É melhor sofrer com o peso do mundo, ou viver a plenitude do que Deus tem preparado para mim?
"Há um lugar onde as pessoas não me influenciam". Aonde é este lugar? Eu quero ir para este lugar...
JESUS, Tu És O Lugar. És tudo o que eu preciso. O meu Socorro Bem Presente.
TE AMO JESUS!!